R$ 17 milhões – como zerar essa conta?

HBR completa 53 dias de intervenção e poder público divulga novas ações para manter as portas do hospital abertas, ao mesmo tempo em que procura estanca o déficit financeiro

Por Aline Christina Brehmer 10/05/2019 - 10:33 hs
Foto: Marcelo Dias/Jornal Café Impresso
R$ 17 milhões – como zerar essa conta?
HBR completa 53 dias de intervenção.

7.209 – esse é o número de atendimentos registrados no Pronto Socorro (PS) do Hospital Beatriz Ramos (HBR), em Indaial, desde o dia 18 de março, quando aconteceu a intervenção por parte da Prefeitura Municipal.

O leilão do hospital, que foi uma decisão do Governo Federal, estava previsto para acontecer em abril e permanece suspenso – mas não foi cancelado. No momento, continua em análise pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF).

Nesta semana o prefeito André Moser, junto à interventora do HBR, Adriane Ferrari, divulgou que o valor da dívida do hospital é de R$ 17,6 milhões (segundo o que foi levantado pela auditoria contratada pelo poder público).

Moser garante que “está sendo negociado o adiamento do prazo para quitação dos tributos em atraso”. A quantia diz respeito a diversos fatores, como obrigações trabalhistas, tributárias, provisões com ações judiciais e também pendências financeiras com fornecedores.

Déficit supera os R$ 150 mil por mês

Hoje, o déficit mental do HBR supera os R$ 150 mil. Nos primeiros três meses de 2019, a despesa negativa chegou perto dos R$ 500 mil. “Nós queremos, em um curto espaço de tempo, até o fim desse ano, estancar o déficit financeiro. Pensamos em várias ações visando a redução de custos e despesas e também a busca de novos procedimentos. Deixando isso em dia, aí sim iremos fazer a negociações dos outros débitos”, declarou Moser.

A intervenção do hospital é uma medida temporária. Em primeiro momento, pelo prazo de 180 dias – podendo ser prorrogada. O prefeito destaca que a preocupação de toda a equipe, agora, é buscar um equilíbrio financeiro e manter as portas do hospital abertas.

Subvenção

Segundo Moser esclareceu durante a coletiva, dos 114 leitos existentes no hospital hoje, apenas 34% são utilizados. “Houve uma queda de faturamento com a realização de procedimentos clínicos e cirúrgicos, registrando, em consequência, essa baixa ocupação dos leitos. Muitos convênios e médicos migraram para outros hospitais da região que ofereciam um melhor ambiente para a realização dos procedimentos”, disse.

Segundo os dados apresentados, no ano passado foram repassados ao HBR, pela prefeitura, R$ 7,7 milhões de subvenção – o que representa R$ 3,5 milhões a mais do que em 2015.

53 dias de intervenção

Hoje completam 53 dias desde que a intervenção do HBR foi colocada em prática pela prefeitura. Adriane destaca que a ação tem como intuito garantir o acesso à saúde para moradores da cidade e região.

“Evitamos, a todo custo, que os pacientes tenham algum prejuízo com relação aos atendimentos prestados aqui. Estamos trabalhando nos processos, organizando fluxos, revendo o quadro de funcionários e fazendo o levantamento dos equipamentos necessários para o PS e Centro Cirúrgico”, explica.

Paralelamente, a interventora comenta que estão sendo feitas algumas reformas imediatas. Uma delas é na sala de recuperação do Centro Cirúrgico e, em breve, também na ala da clínica médica, onde ficam internados os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Serão pagos em dia todos os impostos referentes à folha de pagamento dos servidores, FGTS, INSS, IR e demais despesas, como energia elétrica”, garante Adriane.

Atendimentos e exames de 18 de março até 7 de maio:

·         7.209 atendimentos no PS;

·         1.494 atendimentos ambulatoriais;

·         982 internações;

·         3.718 exames de Raio-X;

·         736 exames de ultrassom;

·         168 mamografias;

·         118 nascimentos.

Ações implantadas desde o início da intervenção:

·         Trabalhar o atendimento humanizado aos pacientes e usuários do HBR;

·         Reformar a sala do Pós-Operatório do Centro Cirúrgico;

·         Diálogo com os profissionais de setores diferentes para levantar as demandas de equipamentos e também da estrutura necessária;

·         Revisar os contratos que não condizem com o que vem sendo praticado por alguns prestadores de serviço;

·         Readequar o plano diretor para atender uma demanda necessária para dar segurança e qualidade aos profissionais médicos e pacientes do HBR em suas cirurgias;

·         Reduzir o tempo de espera no PS;

·         Fazer com que o Centro Cirúrgico, hoje ocioso, tenha maiores produções cirúrgicas e, com isso, aumente o faturamento do HBR, reduzindo as filas de pacientes à espera de cirurgias do SUS;

·         Fortalecer parcerias com os profissionais médicos para atendimentos de convênios e particulares;

·         Divulgar as ações positivas e parcerias do HBR;

·         Buscar por novas parcerias, entre outras ações.