Motorista do Jaguar depõe pela primeira vez e admite que bebeu antes do acidente

Conforme o juiz do caso, que decidirá se Evanio Prestini irá a júri popular, o réu deu a entender que estava arrependido da situação

23/05/2019 - 17:28 hs
Foto: Divulgação/Internet

Passados exatos três meses do acidente que tirou a vida de duas jovens na BR-470, em Gaspar, Evanio Wylyan Prestini, o motorista do Jaguar, foi ouvido pela primeira vez pela Justiça na audiência de instrução nesta quinta-feira (23), no Fórum da Comarca de Gaspar. O depoimento durou cerca de 30 minutos e, de acordo com o juiz Lenoar Bendini Madalena, o réu admitiu que ingeriu bebida alcoólica em uma pizzaria na noite anterior ao acidente.

— Ele (Evanio) deu a entender que estava arrependido de toda a situação em razão do falecimento das duas meninas e de como afetou a família dele, já que ele diz ter uma criança, então estava constrangido com aquela situação — afirmou Madalena.

Após ouvir o réu, as testemunhas e três vítimas que sobreviveram ao acidente, o juiz deve publicar a sentença até a próxima quarta-feira (29). Nesse documento constará a definição se Evanio irá ou não a júri popular. Apesar de a defesa do réu não ter pedido a revogação da prisão, o juiz ainda irá apreciar se ele responderá o processo em liberdade.

O advogado Honório Nichelatti Júnior, que representa a família de uma das vítimas, afirmou que o réu não respondeu a todas as perguntas do interrogatório.

— Ele falou muito pouco. Disse que não se lembrava de muitas coisas do dia do acidente, o que é normal nesse tipo de situação. A única preocupação maior por parte da defesa foi em relação a vestimenta e à liberação do veículo — afirmou o advogado.

Além disso, Nichelatti afirmou que a acusação trabalha para que as qualificadoras do crime de homicídio sejam empregadas no processo. O advogado reforçou que, até o momento, a família de Evanio ainda não apresentou um pedido formal de desculpas às vítimas, de forma que o magistrado aguarda para que o processo seja concluído na esfera criminal para, na sequência, trabalhar na esfera cível.

O réu chegou a comparecer ao Fórum da Comarca há duas semanas, no dia 6 de maio, quando a Justiça ouviu pela primeira vez as testemunhas e três vítimas que sobreviveram ao acidente. Na ocasião, ele ficou em uma cela especial dentro do fórum e subiu até a audiência, onde permaneceu em silêncio. Como ele era o último a ser ouvido nesta fase, não chegou a se manifestar na ocasião.

Contraponto

Após deixar a audiência, o advogado de Evanio Prestini, Nilton Macedo Machado, falou que o réu sentia-se envolvido em um turbilhão, uma tragédia múltipla. A defesa não afirmou se Evanio demonstrava ou não arrependimento, mas que ele estava constrangido e chateado com a exposição que a família tem com o caso e também o sofrimento que afeta a família das vítimas.

O acidente

A colisão entre o Jaguar e o Fiat Palio aconteceu por volta das 6h da manhã de 23 de fevereiro deste ano na BR-470, em Gaspar. Duas garotas morreram, Amanda Grabner Zimmermann, 18, e Suelen Hedler da Silveira, 21. O condutor do carro de luxo, Evanio Prestini, foi submetido ao teste do bafômetro, que apontou 0,72 miligrama de álcool por litro de ar expelido, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ele foi preso em flagrante. No dia seguinte ao acidente, a prisão foi convertida para preventiva. Os advogados de Evanio pediram a revogação da prisão, que foi negada pela Comarca de Gaspar.

A defesa, então, entrou com o pedido de uma liminar de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que também foi negado. Quase duas semanas depois, no julgamento do colegiado, os desembargadores do TJSC decidiram por manter Evanio no Presídio Regional de Blumenau.

Fonte: NSC