Os jovens que podem mudar a história

Programa Parlamento Jovem convida e auxilia rapazes e garotas para conhecer, na prática, o que significa ser um parlamentar e quais são suas obrigações

Por Aline Brehmer 21/02/2018 - 11:24 hs
Foto: Aline Brehmer/Café Impresso
Os jovens que podem mudar a história
O Parlamento Jovem existe em Timbó desde 2009 (antes conhecido como Câmara Mirim)

Em um mundo político que muitas vezes abala a confiança e otimismo dos brasileiros, os cidadãos veem o futuro nas crianças e jovens de hoje. Por outro lado, inserir essa faixa etária nas questões e opiniões políticas se torna um grande desafio.

Por esse motivo os próprios municípios, através de suas respectivas Câmaras de Vereadores, buscam alternativas que atraiam os futuros eleitores para perto da realidade política local.

Em Timbó, o programa Parlamento Jovem (PJ), desenvolvido desde 2009, cumpre essa função, trabalhando a democracia e cidadania. Hoje, há dez participantes, dos 11 aos 14 anos de idade, que compõem essa nova geração de (quem sabe) futuros parlamentares.

A redação do Café Impresso conversou com três deles para saber quais são suas visões hoje e de que forma o projeto impactou suas vidas.

O impacto do PJ na vida dos jovens

Esses mesmos três participantes do programa são os que compõem a Mesa Diretora. Samira Mabile Cipriani, de 14 anos, foi a eleita em sua escola, E.E.F. Emir Ropelato, para ocupar a vaga no PJ e depois eleita pelos próprios participantes do programa para ser a secretária.

“Sempre tive vontade de participar, fazer algo. O primeiro ano de mandato foi de adaptação, mas acredito que 2018 será mais produtivo”, revela. Ela garante que seu olhar acerca das questões políticas mudou, nas palavras dela “ficou mais afiado, me sinto mais atenta. Penso que, se determinada coisa está acontecendo, preciso entender como isso vai funcionar e de que forma vai impactar minha vida”, descreve.

Analisando sua perspectiva antes, Samira comenta que sempre teve uma visão política negativa, com a ‘cabeça fechada’ para o que acontecia. Mas, agora que está no PJ, conheceu uma nova realidade.

“Para mim, os vereadores daqui de Timbó têm iniciativa, eles procuram soluções, procuram fazer as coisas acontecerem”, argumenta.

Mesmos deveres e obrigações

O presidente da Câmara de Vereadores de Timbó, Douglas Marchetti, garante que o programa possibilita aos alunos não apenas o conhecimento, mas principalmente a atuação do vereador na cidade.

“Eles possuem os mesmos princípios que o legislativo, porém dentro de suas limitações. Têm a oportunidade de participar das sessões, de dar ideias e apresentar projetos, além de poder compartilhar a experiência com as escolas de Timbó.

É um programa que merece atenção e muito incentivo, afinal eles são a próxima geração que administrará nossa cidade. É essencial trabalhar a ética e a cidadania desde o princípio para formar cidadão mais conscientes e humanizados”, analisa o presidente.

Dois anos de mandato

Uma mudança que fez toda a diferença na vida dos jovens parlamentares foi a mudança no tempo de mandato. Antes, era de um ano. Porém, como os próprios mirins estavam percebendo que era pouco e, junto ao presidente Douglas Marchetti, pleitearam esse pedido, aumentando a duração do mandato para dois anos.

“Apenas 12 meses é muito pouco tempo para absorver as informações. Eles começam sem entender, sem saber como funciona. Esse processo de adaptação demanda um certo tempo”, alega a assessora responsável pelo programa, Mary Ferrari Spindola.

O PJ era conhecido até há alguns anos em Timbó como Câmara Mirim (uma iniciativa que se faz presente em outras cidades, como Blumenau e Gaspar). “O PJ tem as mesmas prerrogativas e deveres que a câmara adulta. Eles podem também apresentar proposições, que depois são encaminhadas ao presidente da Câmara, nesse caso o vereador Douglas Marchetti, que é o responsável por encaminhar o projeto à Prefeitura”, explica Mary.

No PJ, as sessões acontecem de 15 em 15 dias, sempre às 8h30min e às 14h30min. “É importante ressaltar que além de participar do PJ, eles também têm suas atividades extracurriculares, aula, então é essencial que uma coisa não prejudique a outra”, ressalta.

Por dentro da política local

As sessões do Parlamento Jovem são bimensais e o tempo a mais de mandato deram aos recém-eleitos, que assumiram seus mandatos em 2017, mais tempo para absorver todos os trâmites e detalhes que englobam o vasto mundo da política.

“É importante que os jovens se interessem e também é nossa missão, enquanto representantes de nossas escolas, despertar esse sentimento em nossos colegas.

Eu, por exemplo, fui o único da minha escola que me candidatei para a vaga. Agora que estou aqui, percebo que a gente acaba conhecendo de verdade o que acontece na política. Nossa inspiração principal sobre política vem dos vereadores daqui, mas também acompanhamos o que acontece no Brasil e no mundo”, relata o vice-presidente da Mesa, Adrian Wictor Castro Novak, de 13 anos, da Escola de Ensino Fundamental Hugo Roepke.

Um representante por escola

Mary explica que todas as escolas têm direito a eleger um representante para ocupar sua cadeira no PJ, mas, nem todas as escolas participam. Porém, as que o fazem, realizam por conta própria a eleição.

“Por isso o mandato é da escola. Se o aluno troca de instituição, automaticamente ele perde sua vaga e o suplente é quem assume. O programa desperta vários sentimentos neles e ter responsabilidade quando se lida com questões importantes à comunidade é imprescindível”, analisa.

Relação entre parlamentares e jovens

O PJ participa de diversas ações voltadas às concepções políticas atuais, como o encontro estadual das Câmaras Mirins, que acontece todos os anos em Florianópolis.

Para a presidente do PJ, Gabriela Odorizzi, de 14 anos, da Escola Municipal Professor Nestor Margarida, poder acompanhar tão de perto e ter a oportunidade de fazer algo pela sua comunidade é a motivação do dia-a-dia.

“No meu ponto de vista, os parlamentares de Timbó são bem presentes. Recentemente, pedi que participassem da reunião que aconteceu na Unidade de Saúde Araponguinhas e eles foram.

Para mim, se analisar a política a nível nacional, realmente está corrompida e defasada, pelo menos em grande parte. Mas é muito importante que não somente nós, mas também nossos pais e toda a comunidade acompanhem o que acontece na cidade, os debates, as sessões. É algo que sentimos falta às vezes”, deixa o convite.