Final feliz para Jackeline

Jackeline Batista veio de Mato Grosso em busca de um doador de rim. Há três meses ela fez o transplante e hoje é uma nova pessoa, cheia de sonhos e disposição

Por Aline Brehmer 12/03/2018 - 08:54 hs
Foto: Aline Brehmer/Café Impresso
Final feliz para Jackeline
Os próximos passos de Jackeline são conseguir um emprego e recomeçar de fato sua vida

A vida deu uma grande reviravolta para Jackeline Batista da Silva, de 31 anos – e foi para melhor. O Café Impresso apresentou sua história pela primeira vez em outubro de 2017 quando ela, que é natural de Mato Grosso (MT), veio morar em Santa Catarina (SC) atrás de melhores condições para se tratar de uma doença crônica renal.

Na época Jackeline aparentava uma imagem frágil, mas felizmente essa árdua trajetória teve um desfecho feliz. Há três meses ela conseguiu um doador compatível e fez o transplante de rim. Parcialmente recuperada, retornou à redação do Café para falar sobre essa nova vida que está explorando.

“Quando eu soube que havia um doador compatível fiquei feliz, mas também dá aquele susto, afinal, nunca havia passado por algo assim. Graças a Deus deu tudo certo. Nos primeiros 15 dias foi mais difícil, até porque os dez primeiros passei internada. Mas depois fui melhorando e com 30 dias de cirurgia já me sentia uma nova pessoa”, relata.

Devido aos cuidados com locomoção, alimentação e em diversos aspectos de sua rotina, que novamente passou por mudanças, o processo de recuperação foi mais devagar, só que contou com uma grande aliada: a mãe de Jackeline, Dorvalina Batista da Silva, de 59 anos, que veio também morar em Timbó para poder cuidar da filha.

Qualidade de vida

Hoje Jackeline continua frequentando uma vez por semana a Associação Renal Vida da cidade. O local que a ajudou a se manter viva e resistente em decorrência de tantos processos de hemodiálise, hoje recebe apenas uma breve visita da paciente, apenas para dar a medicação.

“Todos ali me ajudaram muito e é importante voltar, porque há pessoas com quem criei laços e que ainda não conseguiram encontrar um doador compatível. De certa forma acredito que levo até elas esperança e força para continuar e torço para esses transplantes ocorram o mais rápido possível”, revela Jackeline.

Um exemplo simples e importante sobre o efeito do transplante para a saúde e qualidade de vida dela está na forma de viver. Quando chegou a Timbó, todas as restrições impostas acabaram afetando seu metabolismo e saúde. Em outubro do ano passado Jackeline tinha 49 quilos, mas hoje, ainda em processo de recuperação, já conseguiu chegar no 54kg.

Nova vida, novos planos

Cerca de 90 dias depois da cirurgia, Jackeline ainda tem restrições alimentares e físicas, mas comparando a como sua vida era antes, ela se considera independente e muito feliz.

“São coisas simples. Antes tinha que controlar até a quantidade de água que eu bebia, não podia exceder, e isso era com qualquer líquido, mas agora já posso beber água sem medo. Logo depois do transplante as mudanças começam, a pele voltar a ter uma cor e aspecto saudáveis. Algo que notei logo foram minhas unhas, elas agora são mais fortes, antes eram muito fracas. Pequenas mudanças que fazem toda a diferença”, garante.

Jackeline diz que tudo o que ela viveu a fez enxergar a vida com outros olhos, dando valor ao que antes lhe passava despercebido e ao mesmo tempo notando que muitas coisas às quais dava atenção não lhe são tão necessárias.

Cada dia melhor, ela adianta que vai ficar em Timbó e que, quando receber 100% de alta, já sabe qual é o próximo passo. “Quero procurar um emprego, recomeçar minha vida mesmo. Cheguei em uma nova cidade querendo me curar e consegui. Sinto que Timbó é o local ideal para dar início a um novo e feliz capítulo da minha vida”, compartilha.

“Ser doador é a iniciativa mais digna que uma pessoa pode ter”

“Só eu sei o que passei durante o mais de um ano em que lutei contra a doença crônica renal, as dificuldades, limitações. Mas agora que estou transplantada e tendo a grata chance de recomeçar, tenho um recado importante: nunca deixe de lutar por uma causa que você considere realmente importante. Não pense em desistir no primeiro obstáculo, porque a vitória é certa quando a fé existe.

É uma bênção poder renascer, ainda mais diante de um ato de tamanha solidariedade, que é a doação de órgãos. Seja doador, ajude a salvar vidas. Acredito que seja a ação mais bonita e digna que uma pessoa possa fazer. Quero registrar aqui também meu agradecimenti à equipe da Renal Vida, aos amigos que fiz, à minha família e, claro, minha querida e dedicada mãe”, Jackeline Batista, recém-transplantada.